domingo, 17 de julho de 2011

O Som e a Fúria

Por: André Zagreu

Quando comprei o livro O Som e a Fúria de William Faulkner, confesso que fiquei um tanto incrédulo quanto aos inúmeros elogios a ele dedicados. Imaginava que me depararia com um daqueles romances da geração perdida, com suas linguagens simples e diretas, e digamos um tanto quanto vazios de conteúdo. Quem gosta de Hemingway pode me insultar, mas não há nada nele; mas concordo que O Grande Gatsby do Fitsgerard é um livro a se reler. Indico Babbitt do Lewis, este sim vale a leitura.
Mas continuando no Faulkner, o livro é originalmente brilhante. Se ouso dizer isso é porque em nenhum outro livro encontrei a mesma construção fragmentada do enredo e a mesma alegoria de multinarrativas. Toda e estória do livro precisa ser descoberta pela leitura atenta e perscrutadora. O primeiro capítulo, narrado pelo doente mental Benjamin, é uma espécie de súmula dos fatos, alem de ser nada menos do que fantástico acompanhar a narrativa de um ponto de vista muito além da racionalidade a qual estamos acostumados.
Todos os personagens tem seu direito a voz. Eles narram a trajetória de uma família norte americana na primeira metade do século XX, sua ruína, e a ruína de seus integrantes, que são tragados pela força de um auto destinar-se.
Um fato interessantíssimo da obra, é que Faulkner a escreve no momento em que decide ignorar o gosto do público e utilizar sua plena liberdade criativa. Inspira-se em Joyce e Proust para criar uma das melhores obras norte americanas, a ponto de sob intensa leitura, ser reconhecido como um dos grandes escritores do século XX.
Para quem considera a literatura algo maior do que estórinhas de amor e de aventura, esse livro é de leitura obrigatória. Leia-o!



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