quarta-feira, 11 de maio de 2011

Alfaiataria, uma profissão que resiste ao tempo

O talento, aliado ao trabalho, são os responsáveis pelo sucesso de Irineu Theisen, que trabalha há 30 anos como alfaiate


Foto: Marciane Hences

Irineu Theisen nasceu no ano de 1955 e trabalha como alfaiate há trinta anos, mantendo viva uma das profissões mais antigas do mundo. Aluga uma loja no centro da cidade de Frederico Westphalen, onde confecciona ternos masculinos. A atividade foi herdada do pai, que tinha uma alfaiataria na cidade de Pinheirinho do Vale. A família se mudou pra cá por volta dos anos 80, com o objetivo de expandir as vendas, pois já possuíam aqui uma vasta freguesia.
Enquanto o pai trabalhava, Irineu, ainda menino, ficava observando-o, e assim foi tomando gosto pelo ofício. Aos poucos, o pai foi lhe ensinando a fazer os primeiros cortes no tecido, que iam tomando formas. Começavam aí os contornos de sua futura profissão.
Seu Irineu diz que ama o trabalho que faz e nunca pensou em mudar de área. A profissão, passada de pai para filho, é realizada com obstinação por ele. Quando há muitas encomendas, fica na loja mais de doze horas por dia, e até nos sábados.
Ele trabalha com moda masculina, para adultos, mas são os ternos que alavancam o negócio. Ele também confecciona bombachas, coletes, e faz algumas reformas, mas somente para clientes já conhecidos, “isso atrasa o restante das confecções”, explica Irineu. Na época de inverno, muitas pessoas encomendam sobretudos, o que aumenta muito as vendas.

Como é feito o trabalho
O cliente vem até a loja, escolhe a cor, o tecido, tira as medidas, paga adiantado 50% do valor e então fica acertado o dia da entrega, quando será pago o restante. “Eu insisto para que o interessado venha até a loja e prove o terno depois de pronto, então, se for necessário algum ajuste, já faço antes da entrega, para que o cliente saia satisfeito”, afirma Irineu.
A clientela da alfaiataria se mantém fiel há anos. Alguns se mudaram para outras cidades, como Chapecó e Passo Fundo. “Tenho até um cliente de Jataí, estado de Goiás. Eles encomendam os ternos por telefone. O valor cobrado é depositado na minha conta e as roupas, depois de prontas, são enviados pelo correio”, explica Irineu.
Os ternos, depois de prontos, custam em torno de R$ 300 à R$ 400.Os tecidos são encomendados de São Paulo. Os mais usados são tergal, viscose e poliéster. Os ternos pretos são os mais vendidos, pois “o preto nunca sai de moda”, afirma Irineu.
Pacientemente, ele risca o tecido com pedaços de giz, recorta, alinhava, passa a ferro as pecas soltas. E os primeiros vestígios de um terno vão se formando em cima da mesa. Por fim, costura as peças soltas, numa máquina modelo Singer, acomodada a um canto da sala. Incansável, ele passa o dia todo labutando. Sem funcionários, faz todo o trabalho sozinho. Se há muitos pedidos acumulados, leva algumas peças para casa e não descansa enquanto não faz as entregas, sempre na data marcada.

A substituição do trabalho manual pelas máquinas
A alfaiataria de Irineu Theisen resistiu à Revolução Industrial. Atualmente, as alfaiatarias cederam espaço para as lojas de tecido, que produzem em grande escala, de forma padronizada. Os tecidos usados são de toda espécie, dos mais comuns aos mais rebuscados e as marcas variam de acordo com a possibilidade de compra dos consumidores. A pressa na produção também é mais um fator que ajudou a suplantar toda uma geração de alfaiates.
Mas a história de Irineu Theisen não tem um final triste, pelo contrário, é uma história de sucesso. Irineu conta que já recebeu diversos convites para confeccionar ternos em outros estabelecimentos, inclusive nas Lojas Tevah, em Porto Alegre. Entretanto, ele recusou, já que gosta de fazer seus horários, o que lhe proporciona uma certa independência, por isso prefere ter seu próprio negócio.
Portanto, apesar do avanço tecnológico e do surgimento de novas atividades no mercado de trabalho, algumas resistem ao tempo. Irineu conseguiu sobreviver à influência massificante da indústria da moda. O talento, aliado a uma rotina pesada de trabalho são os responsáveis por seu sucesso.
Irineu Theisen têm uma ampla freguesia. Quanto à fórmula para o sucesso, ele responde “as pessoas preferem pagar um pouco mais e ter uma roupa personalizada”. E com relação à propaganda? Ele afirma que em todos esses anos de profissão, nunca colocou anúncio em qualquer veículo de comunicação. “A propaganda é o próprio cliente que faz”, finaliza o alfaiate.


Apesar do avanço tecnológico e do surgimento de novas atividades no mercado de trabalho, algumas resistem ao tempo.

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