quarta-feira, 11 de maio de 2011

Selaria Sanvido, pra você não cair do cavalo

Selas, arreios, pelegos, rédeas, cuias, tudo que acompanha o cavaleiro, pode ser encontrado na selaria de Lomir Sanvido

Ainda é cedo quando chego na propriedade onde o Sr Lomir Sanvido confecciona manualmente selas para cavalo, no interior de Frederico Westphalen. Ele não se intimida com minha presença, nem com os flashs da câmera, e continua seu trabalho tranqüilamente, ora riscando o couro, ora recortando-o ou costurando as peças soltas que irão compor as selas.
Lomir Sanvido tem 54 anos de idade e é natural da cidade de Irai, onde começou a trabalhar nesse ofício, por volta do ano de 1988. Ele diz que sempre gostou de cavalos, o que é perceptível em suas vestimentas, típicas de um gaúcho. Ia muito a rodeios de tiros de laço, chegando até a montar algumas vezes.Na época, trabalhava na prefeitura de Iraí, mas não se sentia satisfeito com seu trabalho. Foi então que Lomir passou a ver no ofício de confeccionar selas de montaria para cavalos, um meio de vida.

O início da profissão
Lomir Sanvido iniciou fazendo algumas selas, que vendia entre os amigos e conhecidos. Porém, o negócio prosperou tanto que ele resolveu registrar a empresa que nascia. De pequeno porte, chegou a ter oito funcionários, além dele e da esposa, Olga Sanvido, que também trabalhava na empresa.
A “Selaria Sanvido’’ia de vento em popa. Lomir e a esposa vendiam selas para diversas cidades no Estado do Rio Grande do Sul, também para o Paraná, Mato Grosso e Santa Catarina. “Na cidade de Dionísio Cerqueira, tínhamos exclusividade com um atacado”, explica Sanvido.
Entretanto, depois de alguns anos, as vendas passaram a cair, e Lomir passou a sentir na pele a desvalorização da sua profissão. “As selas feitas manualmente levam mais tempo para ficar pronta, e geralmente são confeccionadas com couro legítimo, o que encarece o produto e leva o consumidor a procurar aquelas produzidas industrialmente. Entretanto, a sela feita de forma manual, possui maior qualidade e leva muitos anos para se desintegrar”, explica Sanvido.
Não obstante a diminuição das vendas, uma fatalidade do destino viria antecipar as sombrias previsões do Seu Lomir.Por volta de 1994, um cliente de Ijuí encomendou diversos produtos, a entrega foi realizada na data marcada, porém o pagamento da mercadoria não foi efetuado. O prejuízo foi muito grande, a empresa precisou usar as economias guardadas durante anos, e apesar dos esforços de todos, a Selaria Sanvido decretou falência.
No ano de 2001, Lomir, a esposa e o filho se mudam para Frederico Westphalen, indo residir no bairro Fátima. Irai já não inspirava futuro e aqui eles sonham retomar e dar um novo rumo ao negócio.

Como é feito o trabalho
As selas são feitas de couro, e possuem diversas peças que juntas, irão compor uma sela: basto, bacheiro ou chergão, carona, serigote ou sela, loros ou estribos, chincha com barrigueiro, pelego, sobrechincho, rédea com cabeçada, bucal com cabresto, peiteira, freio.
Ele vende atualmente para lojas de São Miguel do Oeste, Chapecó, Iporã do Oeste, Erechim, Passo Fundo, Soledade, Casca e principalmente, Alegrete, na região da campanha. As selas são feitas por encomenda e Seu Lomir mesmo faz as entregas nas cidades onde foi feito o pedido. Além das lojas, os pedidos são feitos por pessoas que usam as selas para rodeios, em torneios de laço, o que exige montarias mais reforçadas. Há também aqueles que utilizam o cavalo para a lida no campo, e que necessita de montaria. Além disso, Lomir também faz reformas de selas.
Depois de prontas, as selas custam em torno de R$ 400 e podem variar até R$ 600, dependendo do que o cliente pedir. Todas são feitas manualmente. A única máquina utilizada é a de coser tecido. As selas levam de dois a três dias para ficar pronta.

A desvalorização do trabalho manual
Hoje, a profissão de Lomir não é tão valorizada quanto deveria. “Eu prezo pela qualidade dos serviços que presto aos consumidores, procuro oferecer um produto de excelente qualidade”, explica Sanvido. Segundo ele, alguns compradores consideram os produtos caros, e por isso preferem comprar selas prontas, feitas de outro material. Algumas são feitas com borracha, são mais fáceis de fazer e por isso levam menos tempo para ficar pronta. O material utilizado também é mais barato, tudo isso acarreta num valor menor do produto. Em compensação, duram bem menos que as confeccionadas por Seu Lomir.
Quando pergunto ao Seu Lomir qual a sua opinião sobre as mudanças ocorridas na sociedade, em que a indústria substituiu o trabalho manual do homem ele me diz que ele pertence a uma época em que se prezava pelo valor real das coisas, onde um produto durava uma “vida inteira” e quando se adquiria algo se sabia que era de qualidade. Não era como hoje, num mundo consumista, onde as coisas são descartáveis, se compra, se utiliza e logo se joga fora. Por outro lado, ele confessa que não soube acompanhar as mudanças ocorridas no sistema de produção capitalista, por isso precisou fechar sua empresa, demitir os funcionários e se mudar para Frederico Westphalen.
O número de seleiros reduziu bastante nos últimos anos. Porém, ainda existe grande procura por parte das pessoas que utilizam cavalos nas carroças, tração animal, em rodeios, ou simplesmente cavalgam por esporte.
Selas, arreios, pelegos, rédeas, cuias, tudo que acompanha o cavaleiro pode ser encontrado na selaria de seu Lomir. O trabalho artesanal é feito com muito cuidado e exige anos de aprendizagem.Tudo é feito à mão e com couro legítimo. Nesses vinte anos de profissão, Lomir Sanvido se orgulha de fazer um trabalho que preza pela qualidade e satisfação do cliente.



Um comentário:

  1. Os adultos vivem dizendo que a adolescência é um dos periodos mais marcantes da vida. Mais o que o adolescente pensa disso? (sinopse)

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